segunda-feira, 29 de julho de 2013

Feliz Aniversário

Se você mede o quanto viveu pelo número de voltas que a Terra dá ao redor do Sol,
Você está fazendo isso errado.
O que tem de sua vida nessa medida?
A data de nascimento, e só.

Que tal, ao invés disso, quantificar sua existência pelo número...
De passos dados, ou de viagens inesquecíveis, de fronteiras transpostas, cartões postais?
De quedas reerguidas, ou de doenças curadas, de medos superados, lágrimas enxugadas?
De flores colhidas, ou de canções de cor, de brindes tilintados, luares vislumbrados?
De sorrisos trocados, ou de amizades inseparáveis, de paixões instantâneas, familiares reunidos?
De missões cumpridas, ou de surpresas agradáveis, de apostas vencidas, sonhos realizados?

Esses números ninguém tem. Ninguém lembra de contar.
Chega no dia que veio ao mundo, inventa uma comemoração.
O que tem de tão particular nesse dia e mês? Bastam 23 pessoas num grupo pra chance de aniversariantes repetidos ser 50%.
Sabia disso? Num grupo com 57, sobe pra 99%.

Imagina só quão mais legal seria celebrar...
A cada mil apertos de mão. "Quanta gente conheci!"
A cada cem livros lidos. "Quanto mais aprendi!"
A cada dez pares de sapato gastos. "Quantos lugares percorri!"
A cada dia com saúde. "Que bom, vamos sair?"

Celebre a vida sempre.
E dê os parabéns a todos a qualquer momento. (O mérito? Basta existir.)
E mais importante, comece a prestar mais atenção e contabilizar
Tanto as pequenas como as grandes coisas que acontecem contigo
Sejam voluntárias ou que acontecem sem querer.
Pois são elas que compõem o "eu" que é você.


How many roads must a man walk down / Before you call him a man? http://www.youtube.com/watch?v=964FCiB9Lco

Birthday Problem
http://en.wikipedia.org/wiki/Birthday_problem


[Edit 27/02/2015]
Plot twist



[Edit 2016]
Life Profit. O cara do bode
https://www.youtube.com/watch?v=nLe-8y7Tddk
(não concordo 100%, mas tem a ver)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sexualidade e recursão


Eu estava vendo a entrevista do Silas Malafaia pela Marília Gabriela e depois a resposta do biólogo boiola (com o perdão pelo pleonasno*) em relação às alegações do Malafaia em torno de sexualidade e genética e me ocorreu uma observação um tanto quanto inusitada. Existem infinitas possibilidades de identidade de gênero.

Não quero gerar polêmica, a intenção deste texto é puramente matemática. Deixar isso claro logo, porque senão nego cai matando.**

Vamos lá. Cara fala no video que existem dois sexos: a identidade (o gênero que você acha que é) e a orientação (o gênero pelo qual tem atração). Mas na verdade são 3, tem um omitido aí que é o que você de fato tem entre as pernas, vamos chamar esse de anatômico (na verdade tem um 4º que é o cromossômico e talvez um 5º que é o social. Não vem ao caso aqui).

Então, arranjo com repetição de dois elementos 3 vezes, 2³ = 8. Nesse modelo simples existem 8 tipos de sexos.
Vou listar aqui e dar uma denominação.

Homem que acha que é homem e gosta de mulher (cis-hetero-masculino)
Mulher que acha que é mulher e gosta de homem (cis-hetero-feminino)
Homem que acha que é homem e gosta de homem (cis-homo-masculino)
Mulher que acha que é mulher e gosta de mulher (cis-homo-feminino)
Homem que acha que é mulher e gosta de homem (trans-homo-masculino)
Mulher que acha que é homem e gosta de mulher (trans-homo-feminino)
Homem que acha que é mulher e gosta de mulher (trans-hetero-masculino)
Mulher que acha que é homem e gosta de homem (trans-hetero-feminino)

Ufa.

A conclusão aqui é que se for considerar essa distinção entre identidade e orientação, precisamos de mais etiquetas pra essa gente toda. Isso é porque nem entrou bissexualidade na história. (Haja letra na sigla!)
Aliás, por falar em etiquetas, eu tenho impressão que seria mais produtivo usar androfílico e ginofílico ao invés de homo e hetero porque aí desacopla do sexo anatômico. Tipo, divide pelo time em que a pessoa joga.

Mas a parte interessante vem agora.
Vamos voltar pro modelo mais simples, só com identidade e orientação, que agora vamos chamar de afinidade. Mas adotar as seguintes definições:
Afinidade aponta para uma Identidade
Identidade engloba Afinidade.

Pronto. Recursão!!

Caso trivial.
Tipo A: tem afinidade por B => A = ( -> B)
Tipo B: tem afinidade por A => B = ( -> A)

Aplicando a definição de identidade de B em A temos
Tipo A: tem afinidade por quem tem afinidade por A => A -> ( -> A)

Mas se parar aí você vai ver que a expressão não está representando adequadamente a situação. Apesar de fazer todo o sentido para quem adota a filosofia "quero quem me queira".
Considere o tipo C: tem afinidade por C => C = ( -> C)
Descendo um nível na recursão: tem afinidade por quem tem afinidade por C => C -> ( -> C)

Que é a mesma expressão que encontramos no 1o caso.
Portanto, precisamos descer mais um nível lá. Ou seja, primeiro aplicar a definição de A em B e depois aplicar o resultado na definição de A.

A = ( -> B)
B = ( -> A)
---------------
B = ( -> ( -> B))
A = ( -> ( -> ( -> B)))

Tá ficando confuso né?
Vamos ler assim. (É só um exemplo, vamos chegar na generalização logo em seguida.)
Homem
Homem é quem gosta de mulher
Homem é quem gosta de quem curte homem
Homem é quem gosta de quem curte quem tem atração por mulher

Aí você pensa. "Beleza, entendi, mas só tá complicando o óbvio. Praticamente um onanismo mental. Pra quê isso tudo?"

Bom, com esse modelo dá pra representar todo tipo de identidade sexual. Só é criar sua definição. Dei dois exemplos que ilustram o heterossexual (A -> B) e o homossexual (C -> C). Mas se alguma raça alienígena tiver três sexos anatômicos (não me pergunte como), daria pra representar nesse modelo do mesmo jeito com todas as combinações possíveis.

Mas o melhor é que comportamentos mais complexos também podem ser representados.
Por exemplo, tem muito homem que acha "interessante" ver duas mulheres se beijando.
Esses caras são do tipo D.
C = ( -> C)
D = ( -> C)

Obviamente, o tipo D não tem reciprocidade. Se você descer na recursão, o símbolo D não torna a aparecer.
Fica D = ( -> ( -> ( -> ( -> C))))
Mas daria pra criar comportamentos bem complexos com reciprocidade a cada n níveis de recursão.
Algo como X -> Y -> Z -> W -> X


Exercício de casa: representar o poema Quadrilha de Drummond nessa notação.

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história


* A ofensa gratuita é só pela oportunidade de fazer a maior densidade de figuras de linguagem possível. Se explicar perde toooda a graça. (http://xkcd.com/550)

** Será que eu tou superestimando o senso de humor das pessoas? (http://knowyourmemesei.com/memes/almost-politically-correct-redneck)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Tipos de gente

Neste mundo, irmão, tem todo tipo de gente
Do mais pagão ao mais temente
Do mais razão ao mais demente
Do mais ladrão ao mais inocente
Do mais ancião ao mais lactente
Do mais Adão ou mais Vicente

Do mais capitão ao mais tenente
Do mais ação ao mais paciente
Do mais paixão ao mais carente
Do mais quentão ao mais sol quente
Do mais patrão ao mais indigente
Do mais gavião ao mais serpente
Do mais padrão ao mais saliente
Do mais peão ao mais imponente
Do mais refrão ao mais repente
Do mais pastelão ao mais indecente
Do mais nação ao mais nossa gente
Do mais "sei não" ao mais "pra frente"

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Aritmética da vida


No começo você é só mais 1
Insignificante, uma fração de gente
Aí quando cresce, só pensa em multiplicar-se, no sentido bíblico.
No meio da vida, se tudo deu certo, você é um expoente da sociedade
Até que sua razão de viver lhe é subtraída
Você morre e todos os seus bens são divididos

domingo, 29 de julho de 2012

Reboot

- O que foi?
- O que foi, não torna a ser.
Já era. Jaz. Era.
Zera tudo e recomeça

sábado, 28 de julho de 2012

Aniversário

Quando meu aniversário se aproxima
Sou possuído por um otimismo profundo
Dá vontade de subir uma montanha e lá em cima
Gritar bem alto: "EU SOU O REI DO MUNDO!"

domingo, 10 de julho de 2011

No final tudo dá certo


Pessoal gosta de falar que no final tudo sempre dá certo.
E se não está certo é porque ainda não acabou.

Sempre achei que fosse só uma frase para encorajar a não desistir, votos de otimismo, gentileza civil.

Mas dia desses, ouvindo a conversa de dois amigos sobre o embate iminente do último semestre de faculdade para se formar, percebi que é pura lógica. É muito simples...

No contexto universitário, o adágio exposto no início deste texto pode ser interpretado como segue.
Dado que o aluno irá se formar cedo ou tarde (desconsiderando possibilidade de jubilamento ou desistência), até o pior dos alunos que nunca na sua vida acadêmica passou em todas as disciplinas matriculadas terá no seu último semestre enfim completado seu currículo. Ou seja, terá de fato passado de 100% das matérias matriculadas[1].
Caso ele não passe em tudo, então não é o último semestre e ele se matriculará novamente naquela(s) que ele não passou (de novo). Até que um dia ele passa de tudo e esse sim será o último semestre. E esse sim terá tido 100% de aproveitamento.
Olha só, por essa perspectiva, todo aluno que se forma, o faz como um aluno exemplar que passa de tudo.

É igual um sistema de controle[2] retroalimentado.
1- Mede a variável de saída do sistema
2- Compara com o valor desejado
3- Se não chegou ainda usa o acionador pra empurrar mais um pouco
4- Volta pra etapa 1

E cada vez fica mais perto do valor desejado, até que chega lá[3].

Então, mas a hipótese colocada ali entre parênteses é muito forte né? Sem jubilamento e sem desistência. Ou seja, ele pode tentar infinitas vezes até dar certo.

Saindo do contexto universitário, pensando nos problemas gerais da vida. Será que dá pra aplicar essa lógica?
Acho que as pessoas terminam apelando. Tem aquele outro ditado popular, "Se não pode vencê-los, junte-se a eles."
Se uma coisa não está dando certo, muda o objetivo pra algo mais ao alcance e vai lá e consegue. De alguma forma justifica pra si mesmo[4] que o tempo perdido com o objetivo anterior era só uma fase de aprendizado, de preparação.

E aí, desse jeito, escolhendo com conveniência o objetivo e o momento considerado final, fica fácil dizer que no final tudo dá certo.
Para ser franco então deveríamos dizer assim:

No final, tudo dá certo. Se não deu ainda, mude[5] seu conceito de certo e de final até que consiga se convencer que algo foi concluído e com sucesso.


Referências Cruzadas Potencialmente Obscuras e Aleatórias
[1] Huge success (Portal - Still Alive)
[2] Purposeful behavior (CONTROL - Principia Cybernetica)
[3] Ele disse que chegava lá (Chico Buarque - meu guri)
[4] Racionalização da frustração (Dissonância cognitiva)
[5] GPS - "Recalculando rota"