segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Manifestação Coletiva [parte 2]


Visualizemos... Temos um grupo de pessoas e uma parcela delas está descontente com algo (todos os descontentes com o mesmo algo). Chamaremos a parte descontente do grupo de manifestantes e o grupo completo de coletividade.

Como os manifestantes se identificam e se articulam para conseguir o que querem? Eles sabem que individualmente eles não têm poder ou voz, mas se todos agirem coordenadamente eles podem conseguir mudar o algo que os incomoda.

De alguma forma então, os manifestantes, antes de saberem que o são, formam uma rede se comunicam e expressam uma voz única; quando enfim são vistos como os manifestantes. Vamos tentar modelar o fenômeno como um efeito dominó (em cadeia) reforçado pelo groupthink. Para a metáfora dar certo então temos que explicar qual a característica do grupo "desencadeável" e como acontece o peteleco inicial.

Apelemos para outra metáfora que pode ajudar-nos. Imagine uma folha de papel sobre uma mesa. Na beirada dela. Ela só está sobre a mesa porque metade do peso ainda está apoiado, mas assim que a parte não apoiada for mais pesada, a folha rapidamente desliza por completo e cai. Essa idéia sugere uma massa crítica a partir da qual o fenômeno se desencadeia; é necessário um calor inicial para começar a combustão. Antes disso, não há fenômeno algum.

A manifestação coletiva pode ser dividida em duas fases: uma inicial caracterizada por uma liderança que incita ativamente as pessoas sobre quem possui influência a aderir ao moviemento (uma força que puxa a folha para a borda da mesa); e a segunda caracterizada pelo oposto, uma adesão espontânea em massa de pessoas que o fazem só para não ter que pensar ou explicar sua opinião contrária (uma espécie de maria-vai-com-as-outras, ou groupthink no jargão).

Para exemplificar, imagine um abaixo-assinado. Alguém cria a carta reinvidicação e a assina. Passa para pessoas de sua confiança que apoiam a causa e com uma certa insistência conseguem um número razoável de adesões. Num número crítico, quando as pessoas vêem que todo mundo está assinando, elas farão o mesmo, só para fazer parte da coletividade, que nesse instante é representada pelos manifestantes. Do contrário, alguém perceberá o comportamento diferente e ela terá que explicar sua opinião.

Recapitulando desde a idéia da primeira parte, a conclusão a que chegamos é que, como um virus, a manifestação se espalha e contamina a coletividade e suas regras de conduta e comportamento passam a viger automaticamente.

Quem quiser saber mais, procure por "group dynamics" e depois me ensine porque eu não estudei nada pra escrever isso, queria saber o que tem na literatura sobre o assunto. A primeira parte ficou com cara também de direito e a segunda de política.

.... Até que se prove o contrário.

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