segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Manifestação coletiva [parte1]

                Na sociedade atual, que muda e cresce o tempo todo, ser um indivíduo dentro de bilhões de seres semelhantes é realmente difícil. Tudo bem que ninguém tem contato com todos esses 6,67 bilhões[1] , mas quanto maior o centro urbano maior o número de pessoas diferentes que nós encontramos todo dia. E com a internet, nem há mais a limitação física.

                "Mas qual o problema, qual a dificuldade que emerge disso?" O problema é a prevalência da coletividade sobre a individualidade. Ter idéias próprias, escolher, falar e ser ouvido enquanto eu e não nós exige não só muito esforço como também perspicácia para saber se posicionar sem provocar reações adversas na coletividade.

                Saindo da abstração, no cotidiano, andando na rua, pegando ônibus, dirigindo, trabalhando, fazendo compras, solicitando serviços[2], etc, existem inúmeras regras invisíveis, a maiora das quais nunca são ensinadas, mas todos as apreendem e as seguem sem nem perceber. Aqueles que não o fazem, são logo taxados de loucos, inaptos a conviver em sociedade ou são retirados da mesma (prisão) quando a regra infringida fora codificada na forma de lei e é fiscalizada.

                É bom ter essas regras, é graças a elas que milhões de pessoas conseguem conviver numa megalópole, cumprindo suas obrigações e saciando suas carências de forma relativamente satisfatória sem a necessidade de conhecer ou entender cada um dos indivíduos com quem compõem esse imenso sistema social.

                Mas, por vezes por exemplo se o sistema mudar de dinâmica e algumas regras se tornarem obsoletas, essas regras que surgem naturalmente ou são instauradas por uma autoridade com essa competência não são suficientes ou o efeito que deveria provocar não se verifica mais.

É aqui que começa o assunto que eu quero tratar, do desequilíbrio do sistema social, surgem as manifestações coletivas, movimentos anômalos, independentes dentro do próprio sistema que buscam alterar o todo para satisfazer as suas necessidades lacunas.

Ao invés de fazer uma revisão histórica das formas, gêneros e espécies das manifestações coletivas e daí tirar algum pensamento conclusivo vou tomar outra abordagem. Qualquer grupo de pessoas que, por qualquer que seja o motivo, são obrigados a compartilhar um ambiente serve como modelo para se estudar o fenômeno.

Que tal um escritório de porte médio? Com pessoas trabalhando em afazeres diversos, e que convivem, cumprindo um expediente, normas de conduta, de vestimenta, e dispondo de canais de comunicação e uma certa liberdade para pensar, agir e falar além do exigido pelo ofício de cada indivíduo.

Nesta escala, ainda existe bastante espaço para individualidade, e algumas coisas são realmente diferentes do que acontece numa cidade ou país. Contudo, as pessoas já estão tão acostumadas a não terem individualidade que mesmo em pequenos grupos muitos procuram simplesmente se encaixar na coletividade. O mais interessante sobre esse assunto é pensar que qualquer movimento social de menor ou maior magnitude começa no indivíduo, o incêncido na floresta começa com uma minúscula centelha. Ao reduzir a escala, fica mais fácil investigar a origem desse tipo de fenômeno.

...[Fim da parte 1, breve continuação]

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